sábado, 24 de novembro de 2012
quando estou só no escuro do meu quarto e no vazio dos meus pensamentos, ouço uma voz, uma voz vinda não sei bem de onde, uma voz que me grita silenciosamente "patricia, apodera-te do que é teu!" e eu sem saber o porquê de tais palavras olho para a escuridão e procuro por mais uma palavra desta voz, mas ela teima em aparecer apenas quando quer. passam-me pela cabeça milhares de pensamentos, milhares de memórias, recordações boas e más. e de repente uma lágrima surge e em apenas alguns segundos ela caí pelo rosto sem um único porquê... de novo aquela voz sinistra se dirige a mim com um tom meigo "patricia não vale a pena chorares por quem não te faz falta" eu limpo a lágrima que me atravessa o rosto e timidamente respondo sussurrando "mas ele ainda me fazas falta" e de novo aquela voz grita para mim silenciosamente "se te faz realmente falta, conquista-o com a tua força, com o sorriso enorme e verdadeiro dentro de ti. e não deixes que ninguem se meta no teu caminho, supera essas pessoas. mas patrícia não te esqueças que a esperança é o primeiro passo para a desilusão" e eu já um pouco atormentada não respondi, pois não sabia de onde vinha aquela voz que tantas vezes me faz voltar ao passado que finjo ter esquecido, que finjo não significar nada, quando significa tudo, aquele passado que me deu o maior sorriso, o maior amor, o maior orgulho, a maior lágrima, o maior desgosto, a maior desilusão, aquele passado que foi tudo e não foi nada, aquele passado que jurou ser interno e no entanto acabou num minuto, sem uma ultima tentativa, é um passado que teimo em fingir já ter esquecido. mas mesmo atormentada no fim da noite, tento seguir o que aquela voz meiga, bruta, calma me diz, tento apoderar-me daquilo que é meu, tento ir para além de palavras e torná-las acções, tento de uma vez por todas, alcançar os meus pequenos mas verdadeiros sonhos, tento ir mais longe. e quando entro novamente na escuridão daquele quarto e me deito sobre os cobertores agora gélidos e sinistros a voz grita novamente para mim "boa patricia, continua..." e de seguida uma lágrima caí, uma lágrima de orgulho por tudo o que conquistei, uma lágrima que trouxe também um sorriso vindo do coração que se espalha por toda aquela escuridão, que hoje se tornou o tudo e o nada.